terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Envelhecimento Cutâneo (artigo)


Envelhecimento é um fenômeno multifatorial, composto por várias etapas e caracterizado pela diminuição da habilidade de um sistema em responder ao estresse endógeno e/ou exógeno, seja(m) ele(s) exercido(s) através de agentes químicos, físicos ou biológicos.

Vários são os fatores que contribuem na determinação da aparência senil da pele, dentre eles a carga genética, a toxicidade do meio ambiente e a dieta, a exposição crônica e cumulativa a luz solar, as forças mecânicas aplicadas ao tecido conjuntivo, os hormônios e alterações do colágeno. Dentre todos estes fatores, os mais importantes são a exposição solar, a idade cronológica e a menopausa. O tabagismo pode levar a isquemia crônica da derme, diminuição dos níveis de colágeno e vitamina A; este último efeito pode aumentar o impacto dos radicais livres sobre a pele. Dessa maneira, o tabagismo pode aumentar em 2 a 3 vezes o número de rugas faciais em homens e mulheres caucasianos. Tanto o envelhecimento cronológico quanto o devido à exposição solar estão relacionados à acentuada diminuição da vascularização da derme.
Alterações cutâneas relacionadas ao envelhecimento cronológico
O envelhecimento celular parece ocorrer devido à célula permanecer em repouso na fase G1/S da mitose. Existem evidências indicando que as células senis sintetizam proteína capaz de inibir a proliferação celular, pois quando extraída e micro injetada em outras células, inibiu as mitoses. Certos genes conhecidos como supressores tumorais controlam a replicação celular. Não existem evidências que os mesmos apresentem-se com atividade aumentada nas células senis, mas é possível que as proteínas sintetizadas à partir do m-RNA codificado por esses genes possam se acumular na forma ativa, inibindo a síntese de DNA. Além da ação dos genes inibitórios, outros genes envolvidos na replicação celular podem estar inibidos nas células senis. As células epidermais de Langerhans diminuem em número, acreditando-se que isso dificulte a resposta imunológica da pele Os fibroblastos da derme apresentam capacidade de replicação limitada entre 50 a 100 duplicações, quando então, param de replicar em resposta a fatores de crescimento.
A análise de fragmentos de pele não expostos a luz solar, mostrou que o processo de envelhecimento da pele pode manifestar-se através da diminuição do número de microfilamentos, aparecimento de inclusões eletrodensas na matriz de elastina, fragmentação e desintegração das fibras .


Alterações da pele associadas ao envelhecimento cronológico*
Fenômenos influenciados pelos estrogênios, podendo sofrer influência dos androgênios :
• diminuição da espessura epidérmica (atrofia);
• diminuição da espessura da derme (atrofia);
Fenômenos provavelmente influenciados pelos estrogênios :
• fragmentação das fibras elásticas.
Fenômenos provavelmente influenciados pelos androgênios :
• diminuição da produção de sebo;
• diminuição do número e função da glândulas apócrinas;
• diminuição do crescimento dos pêlos .
Alterações cutâneas devidas ao envelhecimento solar
A exposição excessiva a luz solar, é fator de extrema importância no processo de envelhecimento cutâneo. O mecanismo deve-se a radiação ultravioleta que agride a pele Erro! Indicador não definido., sendo responsável pelo aparecimento de rugas e sulcos, alterações da pigmentação, telangiectasias, queratose actínica, carcinomas basocelulares e espinocelulares além de, possivelmente, os melanomas, (Callens e cols., 1996). 25 As lesões verificadas nas fibras elásticas da pele exposta ao sol são do tipo degenerativo ) 26 (Braverman & Forfenko, 1982).
Em estudo que comparou a pele facial com a do antebraço em 170 mulheres saudáveis, verificou-se que a primeira encontrava-se mais afilada e com menor elasticidade que a segunda, principalmente na extremidade lateral dos olhos e zigomas, áreas mais expostas a ação da luz solar, concluindo que a luz do sol exerce efeito considerável na espessura e propriedades físicas da pele.
Estudo investigando a natureza do material elastótico de pele submetida a exposição solar, verificou que o mesmo era constituído principalmente, de elastina e proteínas microfibrilares, com pequena presença de colágeno tipo I, III e IV, sugerindo que a elastose solar origina-se, basicamente de alterações das fibras elásticas (Bernstein e cols., 1996). A derme com elastose solar apresenta degenerações basófilas em sua porção superior; os feixes de fibras colágenas são substituídos por material granular amorfo, de coloração basófila (Lever e Schaumberg-Lever, 1990).
Os efeitos da radiação ultravioleta foram estudados na pele das nádegas de homens e mulheres, medindo-se as concentrações de 3 metaloproteases matriciais (enzimas proteolíticas envolvidas na degradação das moléculas de colágeno expostas ao envelhecimento solar). Demonstrou-se que a degradação das fibras colágenas tipo I aumentava cerca de 58% após uma única irradiação. Esses resultados sugerem que múltiplas exposições a irradiação ultravioleta poderiam levar a elevações permanentes das metaloproteases, contribuindo para o envelhecimento solar (Figura 3).
Figura 3 - Alterações da pele devidas ao envelhecimento solar *
• rugas e dobras
• manchas solares
• telangiectasias
• pigmentação
• púrpura senil
• queratose actínica
• carcinomas espinocelulares e basocelulares
• melanomas
Com o envelhecimento, a pele não exposta a luz solar apresenta desaparecimento progressivo do tecido elástico na derme papilar, principalmente das fibras oxitalânicas. Na pele exposta a ação solar, particularmente nas pessoas que apresentam pele branca, verifica-se a ocorrência de hiperplasia, geralmente em torno dos 30 anos de idade, mesmo quando a pele apresenta-se com aspecto normal, de modo que praticamente nenhuma pessoa com idade superior a 40 anos apresenta tecido elástico normal na pele facial. O número de fibras está aumentado, encontrando-se mais espessas, onduladas e entrelaçadas
Hiperplasia: aumento do desenvolvimento.
Artigo publicado no site: www.drashirleydecampos.com.br
Publicado em: 04/06/2003

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